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AI Voice AudioBook: Bases da ortografia portuguesa by A. R. Gonçalves Viana

AudioBook: Bases da ortografia portuguesa by A. R. Gonçalves Viana

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BASES

DA

ORTOGRAFIA PORTUGUESA

POR

A. R. GONÇALVES VIANNA Romanista

G. DE VASCONCELLOS ABREU Orientalista

LISBOA IMPRENSA NACIONAL 1885

Impresso para circular gratuitamente

OFERTA DOS AUTORES

Ex.^mo Sr.

Para respondermos às perguntas que nos têm sido feitas acerca da ortografia adoptada pelos editores técnicos da «Enciclopédia de ciência, arte e literatura--Biblioteca de Portugal e Brasil» temos a honra de dirigir a V. Ex.ª esta circular, e rogamos-lhe que faça tão conhecidos, quanto em seu poder esteja, os fundamentos em que essa ortografia assenta.

Os princípios que servem de base à reforma ortográfica iniciada por nós ambos e usada há dois anos pelo segundo signatário desta circular, em escritos particulares e oficiais, e em artigos publicados em alguns papéis periódicos, são resultado de estudo consciencioso e larga discussão dos iniciadores. São princípios deduzidos ou antes expressão dos factos glotológicos examinados com rigor; são todos demonstráveis, e de simplicidade tal que os poderá compreender a sã inteligência, ainda que para ela sejam estranhos os estudos de glotologia.

Vamos expô-los à apreciação pública desde já, e assim começará a preparar-se a crítica de todos os indivíduos, que, por se prezarem de Portugueses, não queiram que estrangeiros censurem não haver, para a nossa formosíssima língua, ortografia científica e uniforme a que deva chamar-se Ortografia Portuguesa.

No futuro Congresso que temos a peito convocar breve, essa crítica será o único juiz a que todos nós os Portugueses havemos de nos sujeitar para adopção de ortografia portuguesa e rejeição absoluta de toda ortografia individual, seja quem for seu autor.

Todos nós, os que lemos, e mais ainda os que escrevemos para o público, sabemos quão divergentes são as ortografias das várias Redacções e estabelecimentos tipográficos. Têm escritores suas ortografias próprias, como as têm as imprensas particulares e as do Estado. E nas do Estado são diferentes as ortografias da Imprensa Nacional e as da Imprensa da Universidade--estes plurais são a expressão real de um facto, sem censura pessoal.

Com a exposição que vamos fazer dos princípios mais gerais em que assenta a reforma ortográfica, por nós iniciada, temos em vista mostrar, a todo o país capaz de pensar e ler, que o nosso intuito é realizar uma das verdadeiras condições da vida nacional--existência de ortografia uniforme e cientificamente sistemática a que deva chamar-se Ortografia Portuguesa.

Sigamos dois bons exemplos a que largos anos deram há muito já a sanção: o exemplo da Hispanha e o mais antigo da Itália. V. Ex.ª a quem dirigimos esta nossa exposição, honrar-nos-á dando-lhe a maior publicidade que puder; e por certo se julgará honrado se entender que com essa publicação presta bom serviço à pátria a quem devemos este respeito.

De V. Ex.ª

atentos veneradores

Lisboa, outubro de 1885.

A. R. Gonçalves Vianna. G. de Vasconcellos Abreu.

BASES

DA

ORTOGRAFIA PORTUGUESA

I

PRINCÍPIOS GERAIS DE TODA ORTOGRAFIA

1.º Uma língua é um facto social; não depende do capricho de ninguém alterá-la fundamentalmente.

2.º Como facto social é produto complexo, variável por evolução própria da sociedade cujas relações serve.

3.º A ortografia é o sistema de escrita pelo qual é representada a língua de um povo ou de uma nação num certo estado de evolução glotológica.

4.º Esta representação deve ser exata para todo o povo, para toda a nação e portanto deve respeitar a filiação histórica.

5.º É evidente, pois, que a ortografia não pode ser especial de um modo de falar, quer este seja de um só indivíduo, quer de uma província ou dialeto da língua.

6.º Em virtude disto a ortografia não pode representar a pronúncia, que por certo não será una; há de representar a enunciação, a qual é sempre comum ao povo, à nação que fala uma só língua como seu idioma próprio e exclusivo.

7.º Na ortografia, por consequência, não se pode fazer uso de sinais que indiquem pronúncia de uma qualquer letra vogal, excepto quando essa vogal careça de ser pronunciada com modulação especial para a distinção conveniente do emprego sintáctico do vocábulo, ou ainda (e menos vezes em português) para distinguir na grafia única modos diferentes de silabização.

8.º Para se representar a enunciação carece-se de acentuar graficamente o vocábulo, e a ortografia deve ser tal que, subordinada às leis de acentuação na língua falada, mostre para qualquer vocábulo a sua sílaba tónica a quem desconheça o vocábulo que lê.

Escólio.--É evidente que a acentuação gráfica é inútil na língua escrita cuja constituição glotológica a determina invariavelmente: tal o latim clássico e as línguas germânicas.

II

PRINCÍPIOS PARTICULARES DA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA

O ensino ortográfico da língua portuguesa reduz-se, portanto, na prática, ao ensino de:

I. Leis da acentuação nos vocábulos simples e nos compostos.

II. Valor histórico dos fonemas ainda proferidos e dos que já não se proferem; influência destes sobre a modulação da vogal precedente.

III. Conhecimento dos ditongos e sua dissolução.

IV. Silabização.

V. Homónimos e parónimos.

VI. Função dos sufixos.

VII. Composição dos vocábulos e formação da perífrase nos verbos, e uso das enclíticas.

Diremos destes assuntos em outros tantos parágrafos, definindo, todavia, primeiro, o que entendemos por ortografia portuguesa.

«ORTOGRAFIA PORTUGUESA» é o sistema de escrita ou grafia representante comum de todos os dialetos do português falado; a sua base é a história da linguagem portuguesa considerada como língua e como dialeto.

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